Alterações dos Movimentos das Mãos sem perda de sensibilidade

As Alterações Motoras nas Mãos, como fraqueza, dificuldade para movimentar os dedos ou perda de coordenação, mesmo com a sensibilidade preservada, são sinais que não devem ser ignorados.

Embora muitas pessoas associem esse quadro à síndrome do túnel do carpo, nem sempre a causa está relacionada à compressão de um nervo periférico.

Lesões em tendões, ligamentos ou articulações podem comprometer o movimento sem provocar dormência. Em outros casos, a origem pode ser central, envolvendo a medula espinhal ou o sistema nervoso central.

Neste artigo, explico por que alterações nos movimentos das mãos sem perda de sensibilidade exigem uma avaliação especializada. Você vai entender as causas, os sinais de alerta e os caminhos mais seguros para diagnóstico e tratamento. Acompanhe!

Quando a mão perde movimento, mas ainda sente o toque

Se um paciente apresenta fraqueza muscular, dificuldade para estender os dedos, perda de coordenação ou até atrofia, mas relata que continua sentindo o toque, a dor e a temperatura normalmente, isso é um sinal de alerta importante.

Nesses casos, em que há alterações motoras com sensibilidade preservada, é fundamental considerar origens que vão além de compressões periféricas nos nervos.

Esse padrão clínico sugere possíveis alterações centrais, especialmente no corno anterior da medula espinhal ou em áreas específicas do cérebro que controlam o movimento. 

E aqui está o ponto crítico: quando a causa é central, insistir em diagnósticos errados como síndrome do túnel do carpo pode atrasar o tratamento e comprometer o prognóstico do paciente.

As exceções entre os nervos periféricos

Apesar de a maioria das síndromes compressivas periféricas provocarem alteração de sensibilidade, existem duas exceções importantes que geram déficit motor isolado:

• Síndrome do nervo interósseo posterior (ramo motor do nervo radial): o paciente perde a capacidade de estender os dedos, mas mantém a extensão do punho, com desvio radial;
  
• Síndrome do nervo interósseo anterior (ramo motor do nervo mediano): ocorre perda da flexão da ponta do polegar e do indicador, impedindo o gesto de “OK”.

Essas são as únicas compressões periféricas que causam alteração motora sem afetar a sensibilidade. Em todos os outros casos, a sensibilidade da mão é afetada. Por exemplo:

• Síndrome do túnel do carpo: causa dormência e formigamento no polegar, indicador, médio e metade do anelar;
  
• Compressão do nervo ulnar (no cotovelo ou canal de Guyon): altera a sensibilidade do dedo mínimo e parte do anelar;
  
• Compressão do nervo radial: reduz a sensibilidade no dorso da mão.

Por isso, se o paciente apresenta função motora prejudicada, mas sem perda de sensibilidade, o foco da investigação precisa ser diferente — e mais abrangente.

Atenção ao papel da eletroneuromiografia

A eletroneuromiografia é um exame útil na investigação de alterações nos nervos periféricos, mas não substitui uma avaliação clínica criteriosa. Mesmo que o laudo sugira uma síndrome compressiva, é preciso considerar o quadro clínico completo.

Se os sinais são exclusivamente motores e a sensibilidade está preservada, é provável que a origem do problema esteja no sistema nervoso central. Nesses casos, insistir em um diagnóstico periférico pode atrasar o tratamento e comprometer a melhora do paciente.

Encaminhamento correto faz toda a diferença

Nesses casos, oriento o encaminhamento ao neurologista clínico, preferencialmente com experiência em doenças neuromusculares ou distúrbios motores centrais. Essa conduta ajuda a evitar atrasos no diagnóstico e pode ser decisiva para a evolução do quadro.

Se você é médico, fisioterapeuta ou profissional da saúde, fique atento a esse padrão clínico. E se você é paciente e percebeu que sua mão perdeu força, mas a sensibilidade permanece intacta, não ignore esse sinal. 

Um diagnóstico preciso é o primeiro passo para um tratamento eficaz!

Diagnósticos diferenciais: por que investigar além dos nervos periféricos

Alterações motoras nas mãos, como fraqueza, atrofia muscular ou perda de coordenação, com sensibilidade preservada, exigem atenção.

Nem sempre a origem está nos nervos periféricos — em muitos casos, trata-se de condições neurológicas centrais, que demandam investigação aprofundada e abordagem multidisciplinar.

As principais causas incluem:

• Doenças do corno anterior da medula espinhal, como a Esclerose Lateral Amiotrófica (ELA);
  
• Lesões cerebrais, focais ou difusas, que afetam áreas motoras;
  
• Síndromes paraneoplásicas com manifestação motora;
  
• Doenças autoimunes e inflamatórias, como mielites ou neuropatias motoras puras.

Nesses quadros, o diagnóstico precoce é essencial para conter a progressão da doença e preservar a qualidade de vida. 

Quando procurar um especialista em cirurgia da mão

Se você percebe fraqueza, atrofia, movimentos involuntários ou dificuldade para realizar tarefas finas, mas ainda sente o toque, temperatura e texturas, procure um especialista em mão.

Como cirurgião da mão e microcirurgia, realizo uma análise completa da função motora e sensitiva, incluindo avaliação de reflexos, histórico clínico e exames como:

• Eletroneuromiografia;
  
• Ultrassonografia;
  
• Ressonância magnética.

Caso os sinais indiquem origem neurológica, faço o encaminhamento ao neurologista especializado, assegurando um plano de cuidados integrado e seguro.

Alterações motoras com sensibilidade preservada exigem atenção

Quadros como fraqueza, atrofia ou dificuldade nos movimentos das mãos, mesmo sem perda de sensibilidade, podem indicar doenças mais complexas do que compressões nervosas.

Esses sinais exigem investigação especializada para evitar piora do quadro e garantir o tratamento adequado.

Notou esses sintomas? Agende uma consulta comigo. O diagnóstico precoce é a chave para preservar a função das mãos e a sua qualidade de vida.

Dr. Diego Falcochio
Especialista em Cirurgia de Mão e Microcirurgia
CRM-SP: 122897 | RQE: 37127 I TEOT: 11.487

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