A princípio, é a única tenossinovite estenosante que não tem correlação com atividades laborais, apesar de alguns acreditarem que o atrito da “base dos dedos na palma da mão” possa ser uma causa para a enfermidade.

O aumento da idade, distúrbios hormonais (hipotireoidismo, menopausa), obesidade, diabete melito e o próprio envelhecimento são fatores de risco.

Mas, o que é o “dedo em gatilho”?

 

O dedo em gatilho é um aumento de volume dos tendões flexores superficial e profundo e inflamação da polia A1 na região da cabeça do metacarpiano, que faz com que ocorra um estalido com engatilhamento quando esse aumento de volume (que pode funcionar como um nódulo) passa de um lado para o outro da polia. (ver figura)

Como quase tudo em ortopedia, há uma classificação para o dedo em gatilho (Green):

 

  1. Dor sem travamento;
  2. Travamento com extensão do dedo sem necessidade de auxílio da outra mão;
  3. 3a: Travamento com necessidade de auxílio da outra mão para estender (esticar) o dedo;
    3b: Travamento do dedo em extensão;
  4. Travamento do dedo em flexão, sem o conseguir estender.

Diagnóstico

Geralmente, realizado com a história e o exame físico.

Contudo, algumas vezes, precisaremos de exames, como radiografias e ultrassonografias.

Tratamento

Uso de um anti-inflamatório de longa duração (meu preferido é a betametasona de depósito intramuscular) e alongamentos devem ser considerados como a primeira opção de tratamento.

Quando há falha com essa proposta, a infiltração com corticóide ao redor da polia A1 é o meu tratamento de escolha. Independente do grau (excluindo-se o grau 4) a chance de sucesso desse procedimento chega a 50%. Inicialmente, há melhora da dor e com o passar dos dias e semanas, ocorre melhora no travamento.

Para os dedos em gatilho grau 4 de Green, devemos optar pelo tratamento cirúrgico o quanto antes, uma vez que ao se manter a articulação interfalângica proximal em flexão, aumenta-se muito o risco de rigidez do dedo acometido.

Nos casos refratários à infiltração, deveremos realizar a abertura da polia A1.

Nos dedos longos (indicador, médio, anelar e mínimo) podemos realizar essa abertura de forma percutânea, com anestesia local e uma agulha 40×12 ou aberta, com uma pequena incisão na palma da mão.

Nos polegares, devemos realizar a cirurgia aberta, dado o risco de lesão dos nervos digitais na abertura percutânea e os resultados menos consistentes com o método sem incisão na pele.

Após a abertura da polia, recomenda-se manter a mão elevada e realizar exercícios de abertura e fechamento dos dedos.

Para a cirurgia aberta, pode-se utilizar anestesia geral, local com sedação ou local com vasoconstrictor, sem sedação ou torniquete (walant). Em aproximadamente 1 mês, a maioria dos pacientes estão realizando quase todas as suas atividades de vida diária e laborais.

Há possibilidade de recidiva do dedo em gatilho em cerca de 5% dos pacientes, que devem ser tratados com infiltração ou nova cirurgia, podendo-se, inclusive, ressecar uma das bandeletas do tendão flexor superficial dos dedos.