Os enxertos podem ser classificados por sua espessura em pele total ou parcial. Cada um tem suas vantagens e desvantagens.
Os enxertos de pele total caracterizam-se por:
- Serem de pele mais espessa com menor tendência a retração;
- Serem de manipulação mais fácil;
- Apresentarem melhor sensibilidade;
- Terem características mais semelhantes à área receptora;
- Suas áreas doadoras podem ser fechadas de forma primária.
Por outro lado, os enxertos de pele total:
- Têm uma disponibilidade menor de área para retirada;
- Necessitam de área receptora de melhor qualidade;
- Têm maior risco de infecção;
- Necessitam de tempo maior até a cicatrização a partir do momento da cirurgia.
Devemos nos preocupar com o local a ser coberto pelo enxerto. Por exemplo, no dorso da mão ou região lateral dos dedos podemos colocar enxerto da prega palmar do punho ou da região medial do cotovelo, enquanto na palma os melhores locais doadores são a região ulnar da mão e arco plantar medial do pé, pelas características parecidas da pele a ser enxertada. Em caso de precisarmos de grande área de enxerto, a região inguinal tem pele abundante.
Devemos recordar, contudo, que a estética do enxerto de pele retirado de áreas com bastante melanina para colocação na região volar da mão deixam um resultado estético ruim.
A área receptora deve ter algumas características para receber um enxerto. Melhores resultados são obtidos quando há bom tecido de granulação, fáscia ou músculo exposto.
Está descrito a colocação de enxerto de pele sobre tendão coberto por peritendão e osso com periósteo, entretanto, acreditamos que o risco de pele frágil e instável sobre o osso e de aderência tendínea façam com que a cobertura com retalhos seja a melhor opção nestes casos.
Quanto à área doadora:
Nos enxertos de pele total, a ferida é fechada primariamente. O local mais comum para a retirada é a região inguinal. A cicatriz costuma ficar escondida sob as roupas íntimas e bastante discreta.
Nos enxertos de pele parcial, a pele retirada deixa a ferida como se houvesse um “ralado”. Deve-se colocar uma gaze sintética ou simples com antisséptico sobre o local de sua retirada. À medida que o tecido se reepitelizar, esse curativo se solta.
Portanto, não se deve tracionar ou trocar o curativo da área doadora dos enxertos de pele parcial, o que traria dor sem nenhum benefício para o paciente. O local mais comum para retirada é a coxa. A cicatriz costuma ser extensa e a coloração da pele pode levar muitos anos para ficar parecida com a pele ao seu redor. Apesar destas desvantagens, como a “área doadora” é muito maior, grandes feridas requerem enxerto de pele parcial.
Uma utilização comum de enxerto total de pele acontece na cirurgia para separação de dedos (comissuroplastia) na sindactilia.
Em pacientes com traumas graves da mão e necessidade de amputação de um ou mais dígitos, podemos aproveitar a pele sã que está junto ao tecido necrótico como enxerto total de pele.