Luxação é a lesão mais grave que uma articulação pode sofrer. É a perda completa da congruência articular. Um osso “perde o contato” com o outro. Na literatura inglesa, este tipo de lesão é chamado de “deslocação articular”.
Se o leitor está procurando sobre lesões menos graves, quando há dor, aumento de volume local, mas não há perda completa do movimento de um osso sobre o outro, o ideal é ler a matéria deste site sobre lesões ligamentares dos dedos.
Após trauma no dedo, ocorre uma deformidade grosseira e impotência funcional. A dor costuma ser bastante intensa.
Devem-se realizar radiografias em pelo menos 3 posições, especificamente do dedo acometido. A radiografia em perfil (ou lateral) é de suma importância para avaliar a presença concomitante de fraturas e se decidir o melhor tratamento a seguir.
Radiografias de toda a mão são insuficientes.
O especialista deve procurar pelo sinal do “V” que indica a subluxação, em vez de luxação completa (ou grosseira).
A luxação das interfalângicas proximais (IFPs) pode acontecer para dorsal, lateral ou volar (palmar). A posição da falange média determina qual o tipo de luxação.
As dorsais são dividas em 3 tipos:
I: com contato entre as superfícies articulares.
II: sem contato com as superfícies articulares ou em baioneta.
III: fraturas-luxações.
Se após a redução, o dedo estiver estável (isto é, não estiver com tendência a sair do lugar ou saindo do lugar com o movimento), o paciente deve ser incentivado a mexer o dedo e este deve ser solidarizado com seu vizinho (buddy tapping). Caso ocorra instabilidade, o dedo deve ser imobilizado apenas com uma tala que impeça o final da extensão.
A rigidez (perda de movimento) é a complicação mais comum deste tipo de lesão.
Raramente, ocorre interposição da placa palmar/volar e há necessidade de redução aberta para restaurar a congruência da IFP.
Luxações laterais, tipicamente, têm instabilidade de um dos ligamentos colaterais. Devem ser tratadas com atenção. A quem advogue o tratamento cirúrgico para atletas e pacientes que necessitem retornar precocemente ao trabalho.
Luxações volares podem ser acompanhadas de componente rotacional.
Deve-se ter atenção com a tira central nestes pacientes.
Quando há fragmento ósseo na fratura-luxação dorsal, devemos levar em consideração 2 fatores: congruência e estabilidade articular.
Fragmentos maiores do que 40% da superfície articular devem chamar a atenção e há grande chance de necessitarem de flexão da IFP para manter a estabilidade após a redução.
As fraturas por impacção da base da falange proximal são conhecidas pelo nome de fraturas do pilão. Os desvios articulares devem ser corrigidos, mesmo que se necessite de tratamento cirúrgico.
Algumas vezes, no tratamento operatório, precisaremos de realizar a colocação de fixadores externos para tração. O método de Suzuki (com elásticos) é bastante divulgado, mas, pela sua pouca praticidade, prefiro o método de Gaul-Rosemberg.
Em outros casos, precisamos realizar artroplastias de interposição com a placa volar e até mesmo retirada de enxerto ósteo-cartilaginoso do hamato (hemi-hamato).
As luxações das interfalângicas distais são bastante incomuns e são raramente irredutíveis.
As luxações das metacarpofalângicas (MFs), também, são incomuns. Muito cuidado deve ser tomado com as luxações da MF com interposição, principalmente no dedo indicador e mínimo.
Ao se tentar reduzir quaisquer destas luxações, deve-se lembrar de realizar o bloqueio troncular, para reduzir a dor, e de se evitar “puxar” o dedo. Na manobra de redução, deve-se “empurrar” o osso distal.
Cada articulação, em cada dedo, tem suas particularidades. Portanto, é de suma importância que o médico assistente seja perito na anatomia local e necessidades de cada paciente.