Fratura do Escafoide: o erro que 90% das pessoas comete!

Postado em: 26/09/2025

A Fratura do Escafoide está entre as lesões mais frequentes do punho, mas continua sendo uma das mais subestimadas.

Após uma queda ou impacto, muitas pessoas sentem dor no punho e acreditam que vai melhorar sozinha. Esse é o maior erro: adiar a avaliação com um cirurgião da mão.

Quando diagnosticada precocemente, a fratura pode alcançar até 90% de taxa de consolidação. Já o atraso aumenta os riscos de pseudartrose, necrose avascular e artrose do punho, complicações que comprometem a mobilidade e a qualidade de vida.

Na minha prática clínica, atendo casos que poderiam ser resolvidos de forma simples, mas acabam exigindo tratamentos mais complexos pela demora no atendimento. 

Por isso, é essencial reconhecer os sinais, evitar os erros mais comuns no tratamento e procurar ajuda especializada rapidamente para garantir uma recuperação segura e eficaz.

O que é o escafoide e por que ele é tão importante?

O escafoide é um osso pequeno, localizado na base do polegar, mas fundamental para a biomecânica do punho. Ele funciona como uma ponte entre as duas fileiras de ossos do carpo, garantindo mobilidade, estabilidade e força.

Sua anatomia, no entanto, dificulta a recuperação em caso de fratura. Cerca de 70–80% da superfície é coberta por cartilagem, o que reduz a entrada de vasos sanguíneos.

Além disso, o sangue chega ao osso de trás para frente, fazendo com que o polo proximal — a parte mais próxima do antebraço — receba menos irrigação e tenha mais dificuldade para cicatrizar após uma fratura do escafoide.

Por isso, qualquer lesão nesse osso exige atenção imediata e acompanhamento com um cirurgião da mão para receber o tratamento adequado.

Quem sofre fraturas do escafoide?

O perfil mais comum é o de adultos jovens, principalmente homens ativos que sofrem quedas com a mão espalmada. No entanto, essa lesão pode ocorrer em qualquer idade.

Estão mais suscetíveis:

  • Atletas de futebol, artes marciais, skate e ciclismo;
  • Praticantes de treinos funcionais e esportes de impacto;
  • Vítimas de acidentes de moto, carro ou quedas de altura;
  • Pessoas que sofrem até uma queda simples em casa.

O ponto de atenção é que mesmo traumas aparentemente leves podem provocar fratura do escafoide, capaz de comprometer a mobilidade do punho a longo prazo.

Sintomas da fratura do escafoide: quando desconfiar

Alguns sinais devem acender o alerta:

  • Dor na tabaqueira anatômica (a cavidade entre os tendões do polegar);
  • Sensibilidade ao apoiar a mão ou segurar objetos;
  • Inchaço discreto no lado radial do punho.

Como os sintomas costumam ser sutis, muitas pessoas demoram a procurar ajuda. Se a dor persiste após uma queda, especialmente na base do polegar, é importante buscar avaliação médica. Pode se tratar de uma fratura oculta, que nem sempre aparece no primeiro raio-X.

Os erros mais comuns no tratamento da fratura do escafoide

1. Demorar para procurar atendimento. Após 2–3 semanas sem tratamento, a chance de consolidação pode cair para menos de 50%.

2. Ignorar a fratura oculta. Mesmo quando o raio-X inicial não mostra nada, dor persistente deve ser investigada com imobilização ou ressonância magnética.

3. Subestimar pequenos desvios. Um desvio de apenas 1 mm já pode comprometer o resultado.

4. Não seguir a imobilização corretamente. Retirar a tala ou voltar cedo às atividades físicas aumenta o risco de complicações.

Teve uma queda e sente dor no punho? Agende sua consulta. Um diagnóstico precoce pode evitar problemas sérios no futuro.

Diagnóstico da fratura do escafoide: como evitar falhas

O diagnóstico começa com a história clínica e um exame físico detalhado. Durante a avaliação, é importante palpar o tubérculo do escafoide, testar a “pistonagem” do polegar e verificar pontos de dor específicos.

Além disso, são solicitadas radiografias em quatro incidências, imprescindíveis para identificar a maioria das fraturas.

Nem sempre, porém, o raio-X mostra a lesão. Se a suspeita é alta, há duas condutas seguras:

  • Imobilizar e repetir o raio-X em 2–3 semanas;
  • Solicitar uma ressonância magnética (RM) após 48 horas, exame mais confiável para identificar fraturas ocultas do escafoide.

A RM é indicada para atletas e profissionais que não podem perder tempo com diagnósticos incertos. Não confie apenas em um raio-X inicial. Procure um especialista em mão para confirmar o diagnóstico e assegurar um tratamento eficaz.

Tratamento: conservador ou cirúrgico?

O tratamento da fratura do escafoide depende da localização da lesão, da presença de desvio e do perfil do paciente.

Tratamento conservador

Indicado para fraturas sem desvio, especialmente as distais.

  • Imobilização com gesso ou tala por 6 a 12 semanas;
  • Quando bem indicado e seguido corretamente, apresenta altas taxas de consolidação.

Tratamento cirúrgico

Necessário em casos de desvio ≥ 1 mm, fraturas do polo proximal ou quando há necessidade de retorno rápido às atividades.

  • Realizado com técnicas minimamente invasivas, utilizando parafuso de compressão para estabilizar o osso;
  • Permite reduzir o tempo de imobilização e acelerar a recuperação, embora apresente riscos, minimizados com técnica adequada e acompanhamento especializado.

Reabilitação

Em ambos os casos, a fisioterapia é indispensável para recuperar mobilidade, força e propriocepção — no momento certo, evitando tanto a sobrecarga precoce quanto a rigidez por atraso na reabilitação.

Como prevenir complicações

  • Não ignore dor persistente no punho após uma queda;
  • Respeite o tempo de imobilização indicado;
  • Retorne ao esporte somente com liberação médica;
  • Faça acompanhamento contínuo com um cirurgião da mão.

Avaliação especializada

O maior erro na fratura do escafoide é subestimar os sintomas e adiar o atendimento, o que pode transformar uma lesão simples em um problema crônico.

Diagnosticada cedo, as chances de consolidação são altas e as complicações raras. Suspeita de fratura do escafoide? Estou à disposição em São Paulo para avaliação e tratamento individualizado. Agende sua consulta e cuide da saúde das suas mãos.

Perguntas frequentes (FAQ)

1. Quais são as complicações mais graves de uma fratura do escafoide não tratada?

As principais complicações são a pseudartrose (quando o osso não cola), a necrose avascular e a artrose do punho, que podem comprometer a mobilidade e causar dor crônica.

2. Por que a fratura do escafoide demora mais para consolidar que outros ossos?

Devido à sua irrigação sanguínea retrógrada e à superfície coberta por cartilagem, o escafoide tem menor aporte de sangue, o que dificulta e prolonga o processo de cicatrização.

3. Existe algum exame mais confiável do que o raio-X para diagnosticar?
Sim. A ressonância magnética é o exame mais preciso para identificar fraturas ocultas logo após o trauma. A tomografia também auxilia na avaliação do alinhamento e da consolidação.

4. O tempo de imobilização é igual para todos os casos?

Não. Ele varia conforme o tipo de fratura, a presença de desvio e o perfil do paciente. Fraturas distais geralmente se consolidam mais rápido do que as proximais.

5. O que acontece se eu não respeitar a imobilização indicada?

Mexer o punho ou retirar a tala antes do tempo pode comprometer a consolidação, aumentando o risco de sequelas e necessidade de cirurgia.

Dr. Diego Falcochio
Especialista em Cirurgia de Mão e Microcirurgia
CRM-SP: 122897 | RQE: 37127 I TEOT: 11.487

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