Clinodactilia é a deformidade do dedo no plano rádio-ulnar, distal à articulação metacarpofalângica (entre a mão e o dedo).
Angulações pequenas no dedo mínimo, são consideradas normais.
Para se ter o diagnóstico de clinodactilia, a angulação deve ser maior do que 10 graus.
A anomalia se desenvolve porque o formato de uma ou mais falanges é triangular ou trapezoidal e tem a tendência a piorar durante o desenvolvimento por piora na assimetria da falange.
A incidência é bastante variável e há trabalhos que apontam de 1%-19,5%.
A forma mais comum é um desvio radial do quinto dedo, devido a uma falange média triangular ou trapezoidal. Essa forma tem herança autossômica dominante e costuma ser bilateral. A penetrância é variável, contudo, homens têm mais chance de manifestar o fenótipo (apresentar a clinodactilia).
Pode fazer parte de diversas síndromes e de malformações complexas da mão.
Formas graves se apresentam ao nascimento, todavia, a apresentação durante o crescimento é mais comum.
A abdução do dedo mínimo auxilia a diminuir o déficit funcional do desvio neste dedo. Deformidades no polegar e dedos centrais podem causar dificuldade para realizar a pinça.
O exame complementar a ser solicitado é a radiografia. Em pacientes esqueleticamente maduros, haverá uma ou mais falanges triangulares ou trapezoidais. Em pacientes esqueleticamente imaturos, poderá se observar a formação de uma fise (cartilagem de crescimento) em “C”, sendo que o lado mais curto será o da convexidade deste “C”.
Classificação: Cooney classificou estas deformidades (Tabela 1):
O diagnóstico diferencial deve ser realizado com: sequela de trauma, “geladura”, artrite inflamatória ou infecciosa que causa fechamento assimétrico da fise (cartilagem de crescimento).
O tratamento deve estar direcionado para a melhora funcional. O ideal é evitar procedimentos estéticos que correm o risco de terminar em rigidez do dedo e cicatrizes hipertróficas, com estética duvidosa e piora da função.
Os dedos radiais (principalmente o polegar) têm indicação de correção se a pinça estiver afetada, na sua forma ou força.
Ao se revisar os trabalhos da literatura médica, não há indicação do uso de órteses, que causam decepção nos pais e incomodam a criança.
O tratamento cirúrgico deve ser indicado, portanto, para vasos com deformidade moderada e grave. Para se obter o maior potencial e crescimento possível, seria desejável alcançar a maturidade esquelética antes da cirurgia.
Em casos mais graves ou com disfunção inaceitável da pinça, pode-se realizar osteotomias com cunha de fechamento (com risco de encurtamento grave do dedo), osteotomias com cunha de abertura (aumento do comprimento do dedo) e ressecção do “braket” e interposição de enxerto de gordura (com melhores resultados quando realizada em crianças menores do que 6 anos).
Dado a angulação, pode ocorrer uma deficiência de pele no lado côncavo da deformidade, que deve ser tratado com zetaplastia, zetaplastias múltiplas ou retalhos locais de transposição.
Expectativa: Nos casos operados se espera corrigir a deformidade angular da Clinodactilia. Contudo, caso o(a) paciente evolua com cicatrização hipertrófica e rigidez do dedo, o resultado funcional ficará longe do idealizado.