A pele é o maior órgão do corpo. Tem diversas funções, dentre elas: membrana semipermeável, proteção (mecânica e térmica), homeostasia (temperatura) e sensibilidade.
A pele possui características diferentes nas diversas partes do corpo. Na mão, a pele palmar é mais espessa, com uma camada grande de queratina (menor apenas que a da planta do pé), sem glândulas sebáceas, sem pelos e sem melanina, contudo, possui grande quantidade de glândulas sudoríparas, corpúsculos e terminações nervosas finas para uma sensibilidade acurada.
Já a pele dorsal é mais fina, com pelos e glândulas sebáceas. A sensibilidade é menos acurada, contudo a pele é bastante elástica e permite a flexão completa dos dedos.
Devemos lembrar que é essa a cobertura de uma estrutura complexa de ossos, ligamentos, tendões, vasos e nervos que fazem das mãos únicas, para suas funções nas atividades de vida diária, trabalho e artes.
Portanto, a atenção que devemos prestar às lesões de partes moles do punho e das mãos é tão importante quanto a atenção ao tratamento das fraturas, lesões ligamentares, tendíneas e nervosas, uma vez que sem a cobertura adequada, o reparo das demais estruturas não levam a resultados esperados de função.
Incisões de pele
A região dorsal da mão demanda poucos cuidados na sutura de ferimentos e planejamento das incisões de pele, com menor incidência de retrações cicatriciais limitantes do que na superfície volar. Dado que a força flexora é muito maior que a extensora, podemos realizar incisões retilíneas ou arqueadas no dorso da mão.
Já na palma, devemos planejar as nossas incisões e desenhá-las antes de as fazermos. Elas não devem ser retilíneas e horizontais. Podem acompanhar as pregas da mão ou serem paralelas a elas. Quando houver necessidade de cruzá-las, isso deve acontecer em suas “bordas” e a incisão entre duas pregas deve ser oblíqua (incisões de Brunner).
Retrações cicatriciais palmares podem ser tratadas com zetaplastias. O planejamento das incisões é o que determina o sucesso desse procedimento. Deve-se realizar dois triângulos em que a base é a cicatriz. Os demais lados do triângulo devem ter o mesmo comprimento da base.
Cobertura cutânea
Quando estivermos frente a uma ferida na mão, provocada por evento traumático ou por ressecção de tumor ou cicatriz, devemos seguir uma linha de raciocínio. Ao avaliarmos a perda de cobertura devemos pensar, do mais simples ao mais complexo, qual técnica nos trará o melhor resultado e com qual ou quais estamos habituados.
Os melhores resultados ocorrem quando proporcionamos tecidos viáveis precocemente, para a reabilitação. A sequência a seguir nos guia de forma lógica:
1- Fechamento direto/ Sutura;
2- Cicatrização por segunda intenção;
3- Enxerto de pele;
4- Retalhos locais;
5- Retalhos pediculares regionais;
6- Retalho livre;
7- Retalhos livres complexos (quiméricos).
A sutura primária deve acontecer de forma a se preocupar com as linhas de força da mão e possíveis retrações cicatriciais. A cicatrização por segunda intenção é demorada e pode deixar um tecido fibroso endurecido e com estética ruim. Neste caso devemos observar a capacidade de cicatrização local e sistêmicas e presença de espículas ósseas.