As fraturas dos metacarpianos e falanges são as mais comuns dos membros superiores.
O Prof. Alfred Swanson, famoso pela classificação de Deformidades Congênitas, tem uma frase célebre sobre estas fraturas:
“Fraturas da mão podem ser complicadas por deformidades do não tratamento, rigidez pelo excesso de tratamento e ambos, deformidade e rigidez, por tratamento inadequado.”
70% destas fraturas acontecem em pacientes entre 10-40 anos, em sua maioria do sexo masculino.
A maioria das fraturas dos metacarpianos é estável, mesmo as que têm necessidade de redução, e podem ser tratadas de forma não operatória. Mas, devemos escolher o melhor tratamento de acordo com uma série de fatores. Dentre eles: fatores relacionados ao paciente (idade, dominância, profissão, hobby, necessidade de retorno precoce às atividades, capacidade de utilizar imobilização ou seguir orientações pós-operatórias, …), localização e geometria da fratura, deformidade, lesões abertas (fraturas expostas) ou fechadas, lesões associadas e estabilidade.
Nas últimas 3-4 décadas, houve grande melhora no entendimento destas fraturas, técnica cirúrgica, qualidade do material cirúrgico e na reabilitação, que nos permitem indicar o tratamento operatório com mais tranquilidade e atingir melhores resultados.
Não devemos nos esquecer, todavia, que há algumas complicações a serem levadas em consideração, tais como: aderências tendíneas, infecções e necessidade de remoção do material de síntese.
Vamos dividir as fraturas dos metacarpianos em cabeça, colo, diáfise e base.
As fraturas da cabeça são bastante raras, mas bastante graves por afetar a cartilagem articular. Mais comuns no dedo indicador e médio, em traumas com a mão fechada. Fragmentos maiores do que 25% da superfície articular e com mais de 1mm de desvio têm indicação de serem tratados cirurgicamente. A complicação mais comum é a rigidez.
As fraturas do colo (pescoço/transição entre a diáfise e a cabeça) são bastante comuns. Seu tratamento depende do osso acometido. O segundo e terceiro metacarpinos (dos dedos indicador e médio) aceitam apenas 10-15 graus de desvio no plano sagital, enquanto as do quarto e quinto aceitam de 20-70 graus, a depender da literatura consultada e desejo do paciente. A mobilidade entre o hamato (osso proximal no carpo) e a base destes últimos metacarpianos permitem que se aceite maiores desvios, com bons resultados finais. A deformidade rotacional e pseudogarra são indicativos de tratamento operatório, além das fraturas expostas e de múltiplos metacarpianos.
A imobilização deve acontecer com 70-90 graus de flexão das metacarpofalângicas e extensão das interfalângicas para se evitar rigidez.
No tratamento cirúrgico, podemos usar fios de Kirschner, hastes mini-tens, placas e parafusos. A técnica deve ser decidida entre o paciente e o médico, baseado na facilidade do médico, necessidade de 2ª cirurgia, mobilidade precoce, etc..
As fraturas diafisárias podem ser transversas, cominutas, e oblíquas e espiriais. Estas últimas encerram um risco bastante aumentado de desvio rotacional. 5 graus de rotação no foco de fratura, representam 1,5 cm de sobreposição dos dedos ao fechar a mão. O tratamento cirúrgico deve ser decidido, também, com base no traço de fratura.
As fraturas da base dos metacarpianos são raras nos dedos indicador e médio e acompanhadas de luxação, em muitos casos, no quarto e quinto metacarpianos. Deve-se avaliar a necessidade de fixação e de enxerto ósseo nestas fraturas.
O polegar é um capítulo à parte para das fraturas dos dedos longos. Apesar de a cabeça, colo e diáfise terem tratamento parecido com os demais dedos, a base do polegar abriga fraturas articular parcial com luxação (Bennett), intra-articular completa (Rolando), extra-articular e fisária. As forças musculares deformantes, levam à necessidade de redução e fixação das fraturas de Bennett e Rolando.