As Fraturas do punho e da mão correspondem a quase 50% das fraturas do corpo humano. São ainda mais prevalentes na infância e nos idosos.
Quando temos um trauma na mão e achamos que está edemaciado ou com alguma deformidade, devemos procurar o pronto-socorro de ortopedia ou o consultório de um especialista em cirurgia da mão.
Se a dor persistir por mais de 2 ou 3 dias, isso também é indicativo que merecemos uma avaliação médica de especialista.
Uma dúvida comum dos pacientes é se conseguimos mobilizar os dedos ou punho fraturado. Infelizmente, a resposta é sim. Se a fratura não for completa, ou estiver impactada, conseguimos mexer as articulações próximas à fratura, com dor. Como à tolerância álgica é bastante diferente entre os pacientes, há alguns que conseguem mobilizar a mão até mesmo em face de fraturas graves e com deformidades.
Algumas fraturas “pequenas” nos dedos, ossos do carpo (aqueles pequenos do punho) ou da região distal do rádio ou ulna, podem ser fraturas graves que deixam uma sequela importante se não tratadas logo.
Quando não encontramos a fratura nas radiografias, podemos realizar outros exames, como ultrassonografias, tomografias computadorizadas ou Ressonância Magnética.
A fratura da região distal do rádio, conhecida como “fratura do punho”, pode ser uma fratura sentinela (aviso) de que a osteopenia ou osteoporose estão avançando. Portanto, nos pacientes após os 50-60 anos, devemos realizar densitometria óssea para avaliar a densidade mineral óssea e propor alguma terapia, caso haja necessidade.
Vamos falar sobre algumas fraturas específicas:
Fraturas da falange distal
São dividas em 2 tipos principais:
1. fraturas por esmagamento, que cursam com quebra da peça ungueal (unha) ou hematoma subungueal. O leito ungueal (local sob a unha) deve permanecer o mais “plano” possível, para se evitar deformidades futuras da unha.
Mesmo quando se tratam de fraturas expostas, têm mínima chance de infecção devido à excelente irrigação sanguínea da região, quando tratadas adequadamente.
Quando há formação de hematoma subungueal, pode-se realizar sua drenagem na urgência, uma vez que essa lesão costuma cursar com bastante dor.
2. As fraturas-avulsão acontecem quando um movimento brusco é realizado contra a forção que dedo está realizando. A mais comum delas é a avulsão de fragmento dorsal pela tira terminal do tendão extensor, conhecida como dedo em martelo ósseo. A maioria evolui bem com o tratamento com tala metálica. Contudo, se houve sub-luxação da falange distal, ou em caso de grande afastamento dos fragmentos, a cirurgia está indicada.
Fraturas das falanges médias e proximais
Oitenta e cinco por cento dessas fraturas são de tratamento não operatório com talas metálicas, gessadas ou órteses. Entretanto, devemos estar atentos à 2 fatores principais: se são fraturas intra-articulares com desvio ou se têm deformidade rotacional. Ambos indicam o tratamento cirúrgico.
Fraturas de múltiplos dedos ou a capacidade de manter a redução na imobilização, também indicam as cirurgias.
Fraturas dos metacarpianos (metacarpos)
São fraturas bastante comuns. Principalmente a do colo do quinto metacarpiano (dedo mínimo), conhecida como fratura do Boxer. Esse “apelido” foi dado porque o mecanismo de trauma é um soco contra anteparo rígido. Aceita-se graus variados de desvio no plano sagital para essa fratura, mas não se deve aceitar desvios rotacionais. O tratamento deve ser individualizado de acordo com as necessidades e expectativas do paciente.
Fraturas da base do quinto metacarpiano merecem atenção especial: devido à tração do tendão extensor ulnar do carpo, há chance de aumento do desvio ou subluxação, mesmo com o uso correto de imobilização.
As fraturas da base do metacarpiano do polegar chamam a atenção dos ortopedistas e cirurgiões da mão por serem intra-articulares, em sua maioria, e poderem ter aumento do desvio por ação da musculatura ao redor da região.
Fraturas dos ossos do carpo
O escafóide é o osso mais comumente fraturado da região. Por ser embebido em líquido sinovial, ter 70% de sua superfície composta por cartilagem articular e ter uma vascularização retrógrada, está em risco maior de não consolidar (não “grudar”, entrar em pseudartrose) caso não seja imobilizado ou operado precocemente. Cerca de 20% das fraturas desse osso são negligenciadas por médicos ou pacientes e necessitarão de tratamento cirúrgico no futuro. As fraturas da região proximal desse osso estão em ainda maior risco de complicarem.
A fratura oculta do escafóide é uma preocupação recorrente do cirurgião da mão. O termo oculto está descrito porque algumas dessas fraturas podem não aparecer por até 3 semanas em radiografias convencionais.
Podemos fraturar qualquer outro dos ossos do carpo e o desvio dessa fratura, ou associação com outras lesões deve ditar o tratamento a ser recebido. As fraturas-luxações do carpo são traumas graves e o tratamento deve ser o mais precoce possível.
Fraturas da região distal do rádio
Osso mais comumente fratura do punho.
Pico bimodal: jovens com trauma da alta energia e idosos com trauma de baixa energia.
Há parâmetros que observamos nas radiografias e tomografia computadorizada que vão ditar a necessidade de tratamento cirúrgico.
Fraturas que estejam dentro desses parâmetros, mesmo quando bem reduzidas e imobilizadas, têm chance enorme de sofrerem novo desvio no gesso e necessitarem de tratamento operatório.
Desvios articulares de apenas 2mm têm chance de 90% de artrose após 5 anos de fratura.
O tempo de consolidação médio é de 6 semanas, podendo ser bem mais curto para crianças.
O tratamento cirúrgico pode ser realizado pelos mais diversos métodos: fios de Kirschner, fixador externo, placas dorsais, placas ortogonais, placas fragmento específico e placas volares bloqueadas.
Enfim, cada lesão deve ser avaliada individualmente e o melhor tratamento deve ser escolhido de acordo com as condições do médico, do paciente e da própria fratura.