Pela classificação de Swanson seria uma duplicação e pela classificação OMT é uma malformação do eixo rádio-ulnar (ântero-posterior) na mão, pode ser radial (polegar), polegar trifalângico ou ulnar (dedo mínimo). (Ver matéria sobre Deformidades Congênitas dos membros superiores).

Vamos classificar estes dedos extra-numerários como deformidade pós-axial (duplicação do dedo mínimo) e pré-axial (polegar) e central (nos dedos indicador, médio e anelar) para facilitar o entendimento.

Polidactilia Pós-axial

A polidactilia pós-axial, que acomete o 5º dedo das mãos. Comumente bilateral e de transmissão autossômica dominante. Deve ser classificada em:

  1. A) dedos bem formados
  2. B) dedos rudimentares ou pediculados

No tipo A, o paciente deve ser levado ao centro cirúrgico, por volta de 1 ano de idade ou 10 Kg de peso, para a retirada do dedo menos funcional e estético e transferência de elementos importantes para o dedo mais bem formado, como tendões ou ligamentos. 

 

Já no tipo B, pode-se realizar a amputação no hospital (logo após o nascimento) ou, até mesmo, no consultório. É importante que os pais entendam que o recém-nascido não fará memória do procedimento. Todas as decisões devem e serão compartilhadas com os pais, durante a consulta.

Polidactilia Central

Há a presença de dedo extranumerário nos dedos: anelar, médio e indicador (nesta ordem). Pode estar associado à presença de síndromes. Não é incomum que esteja associado à sindactilia (união de dois ou mais dedos), chamada por alguns de “simpolidactilia”. Por exemplo, sindactilia com polidactilia do anelar pode estar associada à alteração do Gene HOXD13, no Cromosoma 2. Nestes casos, deve-se avaliar com muito critério se a ablação do dedo extranumerário pode atrapalhar a função ou estética da mão.

Polidactilia Pré-axial

A polidactilia pré-axial é aquela que acomete o polegar. Muito mais comum em caucasianos, com ocorrência esporádica e unilateral. Raramente, o paciente apresenta alterações sistêmicas (de outros órgãos e sistemas).

Nestes casos, fica mais clara a ideia de que as duplicações são, na verdade, uma divisão. Os elementos embrionários que formariam 1 dedo normal, formam 2 dedos, com comprimento e diâmetro diminuídos (aproximadamente 70% do comprimento e 50% da espessura).

A classificação utilizada é a de Wassel (figura).

Classificação de Wassel para duplicação do polegar

Os tipos I e II, quando apresentam unha única e estão bem alinhados, não devem ser submetidos a tratamento cirúrgico. No tipo II, quando separados, deve-se manter a melhor das 2 falanges distais e transferir o ligamento colateral e aparelho extensor para o dedo remanescente.

Nos tipos III e IV, devemos retirar o dedo menos funcional e estético e reconstituir o melhor dedo com todos os elementos possíveis, inclusive pele. Pode ser necessária osteotomia. Atenção especial: ligamento colateral ulnar da metacarpofalângica do polegar (muito importante na estabilidade da pinça).

Tipos V e VI apresentam as mesmas peculiaridades dos tipos III e IV de Wassel e mais duas: possibilidade de estreitamento da primeira comissura (espaço entre o polegar e dedo indicador) e ausência ou hipoplasia de musculatura intrínseca ou musculatura tenar.

O tipo VII, polegar trifalângico, pode ter bom alinhamento e não precisar de intervenções. Caso aconteça alguma angulação ou disfunção, podemos abrir mão de ressecção da falange intermediária ou osteotomia para correção da angulação. A alteração estética desta deformidade está em se ter um polegar mais comprido e menos espesso do que um polegar normal.

Sinto-me na obrigação de salientar alguns pontos:

  • Pode não ser fácil identificarmos qual o polegar mais funcional. Isto pode demandar algumas consultas e alguns vídeos enviados pelos pais.
  • O polegar reconstruído, remanescente, é sempre menor e menos espesso do que um polegar normal.
  • Os tipos III, V e VI têm uma chance grande de “resultados insatisfatórios”.
  • A chance de necessidade de 2 ou mais cirurgias é de 20-25%.
  • Alguns problemas relativamente comuns: rigidez (limitação da mobilidade), instabilidade articular, angulações e contratura articular.

A maioria dos pacientes terá, ao final do tratamento, um dedo com estética aceitável e boa função. Entretanto, raramente, este polegar será muito parecido com um dedo normal.