Nos últimos anos, a importância de atividade física resistida também foi melhor documentada. Está mais claro que ela ajuda na prevenção da osteopenia e osteoporose, demência em idosos e permite que o paciente seja mais independente nos seus últimos 10 anos de vida. A atividade física aeróbica já está bem sedimentada como pedra fundamental na saúde cardiovascular. 

Aliado a estes benefícios, a sensação de bem estar associada a realizar esportes faz com que o número de praticantes aumente cada dia em número e na frequência. 

Não se pode dissociar, contudo, a prática de esportes com as lesões musculares, ligamentares e ósseas. Não seria diferente nas mãos. 

Apesar de vivermos no “país do futebol” e as lesões dos membros inferiores neste esporte serem muito mais comuns, as quedas ao solo e a prática de diversos outros esportes causam lesões nos punhos e nas mãos. 

Poderíamos dividir este texto em atividades esportivas, mas veríamos que as lesões se repetem. Portanto, acredito que seja melhor passarmos pelas lesões e os esportes nos quais estão em maior risco de acontecer.

As lesões ligamentares dos dedos (lesão do ligamento do dedo) devem ser as mais comuns nos pacientes que procuram atendimento após atividades esportivas. Para a sorte dos pacientes, a maioria delas é parcial e demanda pouca atenção e afastamento. Uma exceção importante é a lesão de Stener, que deve ser diagnosticada e operada o quanto antes. Quedas, trauma por bola, tacos e raquetes são os mais comuns. Artes marciais, principalmente as que necessitam de “pega” nos quimonos.

As fraturas de falanges e fraturas dos metacarpianos também são bastantes comuns no consultório e nas unidades de urgência. Movimento de torção ou trauma direito dos dedos são os mais comuns na gênese destas fraturas. Novamente: quedas, esportes com bola, dedos que se prendem à roupa e artes marciais estão entre os mais comuns.

Não tenho dúvida de que a fratura da região distal do rádio é a que suscita maior necessidade de tratamento cirúrgico dentre as lesões mais comuns relacionadas ao esporte. A queda ao solo, na prática de qualquer atividade, é a causa mais comum. Aqui, incluo a prática de ciclismo com causa bastante comum. Os tipos de lesão e seus tratamentos estão na matéria específica da lesão.

A lesão do ligamento escafolunar, fratura do escafóide e lesão do complexo da fibrocartilagem triangular são relativamente comuns, mas, podem passar despercebidas nas consultas de pronto-socorro. As duas primeiras evoluem com dor central ou radial do punho, enquanto a última leva à dificuldade para pronação e supinação e dor sobre a cabeça da ulna. Na dúvida, estas 3 lesões merecem avaliação com ressonância magnética e consulta com especialista em Cirurgia da Mão. Devido ao meu interesse em artroscopia do punho, tenho recebido bastantes pacientes com lesão do complexo da fibrocartilagem triangular. Inclusive, diversos deles tiveram falha no tratamento não operatório com órtese, com bloqueio da pronossupinação. 

Para os praticantes de boxe ou outras artes marciais que usam luva e “saco de areia”, as lesões do capuz extensor são bastante comuns e as fraturas têm baixa incidência. Realizar o diagnóstico precoce e retirar a carga desta lesão costuma ser o suficiente para o tratamento.

As entesites (inflamações da inserção tendínea no osso) e tendinites também são lesões relacionadas à atividade física. Geralmente, têm início lento e gradual, mas podem ser bastante incapacitantes. 

A epicondilite lateral (cotovelo de tenista) é uma das mais comuns. A Doença/ Moléstia de De Quervain é bastante comum. O paciente deve observar e evitar as atividades que realiza com o punho fletido (dobrado) e polegar abduzido (aberto), além do uso de órtese, anti-inflamatório e fisioterapia/ terapia ocupacional. A tendinite do extensor ulnar do carpo é um pouco menos comum. Está associada, geralmente, a praticantes de tênis. 

Para encerrar este artigo, acredito que valha a pena associar algumas lesões típicas de atividades físicas:

  • Lesão do ramo cutâneo palmar do nervo mediano em jogadores de vôlei;
  • Compressão do nervo ulnar no punho (Síndrome do canal de Guyon) em ciclistas;
  • Lesão do nervo digital no polegar em jogadores de boliche;
  • Lesão do ligamento colateral ulnar da metacarpofalângica do polegar em esquiadores e caçadores;
  • Lesão das polias dos dedos em escaladores.